Foto 01 – Raul Torres , Foto 02 – João Pacífico e Raul Torres na Rádio Nacional de São Paulo.
Estação Ferroviária de Botucatu, em 1906, ano que Raul Torres nasceu.
Estação Ferroviária de Botucatu, em 1934, ano que Raul Torres já fazia sucesso em São Paulo.
Hoje, a Estação Ferroviária de Botucatu encontra-se assim; totalmente abandonada, retrato do abandono em que se encontra a malha ferroviária brasileira.
Raul Torres, assim como seu sobrinho Antenor Serra "Serrinha”, foram ferroviários da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, em Botucatu, antes de ingrassarem na vida artística.
Raul Torres
Fonte: MPB Cifraantiga (12.11.08)
Raul Montes Torres, cantor e compositor, nasceu em Botucatu SP (11/7/1906) e faleceu em São Paulo SP (12/7/1970). Filho de espanhóis, nasceu e foi criado na cidade paulista de Botucatu, onde participava de pagodes e quermesses com amigos, cantando modas-de-viola. Para ingressar profissionalmente na vida artística, foi para São Paulo, arranjando de início emprego de cocheiro, com ponto no Jardim da Luz, mas cantava sempre que surgisse oportunidade, em cabarés, circos, teatros e bares. Ouvindo os sucessos da época, como Augusto Calheiros, Turunas da Mauricéia e Jararaca e Ratinho, mudou o estilo de cantar, adotando o gênero nordestino, principalmente as emboladas, que faziam grande sucesso.
Em 1927 entrou para a Rádio Educadora Paulista (depois Gazeta), que pela primeira vez reunia um elenco popular, em que figuravam Paraguaçu, Pilé, o violonista Canhoto e Arnaldo Pescuma, entre outros. No ano seguinte, com a inauguração da Rádio Cruzeiro do Sul (depois Piratininga), foi convidado a atuar no seu elenco, ao lado de Paraguaçu e Arnaldo Pescuma.
Em 1927 gravou seu primeiro disco no selo Brasilphone, de São Paulo, com a embolada Segura o coco, Maria e o samba Verde e amarelo, ambos de sua autoria. Na Columbia lançou, de sua autoria, Olha o rojão, além de Mauricéia (A. Portela e Marabá), com o Regional do Canhoto, Belezas de minha terra (com José Val) e O que tem o cotia e A festa do sapo (ambas de sua autoria). Nessa gravadora, em 1930 e 1931, na série caipira de Cornélio Pires, gravou com o pseudônimo de Bico Doce, acompanhado de Sua Gente do Norte, Galo sem crista, de sua autoria, e mais três composições.
No mesmo período, gravou também na Parlophon, com o nome de Raul Torres e os Turunas Paulistas, no gênero moda-de-viola, várias de suas composições, entre as quais Rola rolinha (com Atílio Grany), Oi Juvená, Caipira no mercado (com Atílio Grany e Arnaldo Pescuma), e o grande sucesso Olhos de morena, com acompanhamento do conjunto Os Chorões. Além dessas, a consagrada embolada Jacaré no caminhão, Saudade de Rio Pardo, interpretada em dupla com Azulão (Artur Santana), também apresentada na cena cômica de Genésio Arruda Uma festa no arraial. Destacaram-se ainda interpretações suas como o cateretê Não zanga comigo não (Nair Mesquita), gravado em dupla com a autora, pela Columbia, que passou a Continental posteriormente.
Em 1933 gravou pela Odeon Sereno cai, toada, com coro de Francisco Alves, Castro Barbosa, Moreira da Silva, Jaime Vogeler e Jonjoca, e a embolada Pisei no rabo do tatu. Lançou ainda a embolada Sururu no galinheiro e o jongo A morte de um cantador (ambas de sua autoria), interpretadas em dueto com Nestor Amaral. No mesmo ano conheceu João Pacífico, com quem formou dupla vocal, gravando, na Odeon, acompanhado pelo seu conjunto Embaixada, a embolada Seu João Nogueira, de autoria da dupla. Com a Embaixada lançou ainda Balança os cacho, sinhá, embolada do compositor e caricaturista cearense Manuel Queirós, e o clássico da música sertaneja Mestre carreiro (de sua autoria). Depois, formou um duo com seu velho amigo, de Botucatu, Joaquim Vermelho, com quem gravou na Odeon as modas-de-viola A codorninha e Sistema americano, composições da nova dupla, e Caninha verde (com Luís Machado). Com Florêncio, lançou em disco Apelido dos jogadores (com Palmeira).
Em 1935 gravou na Columbia a marchinha Dona Boa (Adoniran Barbosa e J. Aimberê) e, na Odeon, sua composição A cuíca tá roncando, batucada, sucesso no Carnaval carioca desse ano e premiada em Portugal. Transferiu-se em 1937 para a Victor, na qual, em dupla com seu sobrinho Antenor Serra, o Serrinha, gravou Cigana, moda-de-viola de sua autoria, com João Pacífico, a toada Chico Mulato (Raul Torres e João Pacífico) e a moda-de-viola Adeus campina da serra (com Cornélio Pires). Depois, novamente em dupla com Serrinha, lançou a moda-de-viola Boiada cuiabana (de sua autoria), que se transformou em grande sucesso da dupla Tonico e Tinoco. Gravou ainda a famosa valsa Saudades de Matão (com Jorge Galati e Antenógenes Silva), em que formou trio com Serrinha e Mariano.
Em 1938, em dupla com Serrinha, gravou sua composição Balanceiro da usina, embolada, sendo, no mesmo ano, contratado pela Rádio Record de São Paulo. No ano seguinte, a dupla lançou em disco as toadas Do lado que o vento vai e Meu cavalo zaino, (ambas de sua autoria).
Em 1940, com João Pacífico, gravou Cabocla Tereza, Minas Gerais, toada, e A mulher e o trem, moda-de-viola, todas de autoria da dupla, o cateretê de sua autoria Trem de ferro, e a marcha Tem boi na linha (com Rui Martins). No ano seguinte, com Serrinha, lançou sua composição Mingirinha, de grande sucesso, e, em 1942 na Odeon, suas composições Mourão de porteira (com João Pacífico), grande sucesso, Campo Grande, Mulambaia, Conceição (com Aparício Cerqueira), Sexta-feira 13 (com Capitão Furtado), O rei mandou me chamar (autoria da dupla), Cadê minha morena (com João Pacífico) e Vamos pra São Manuel, entre outras. No ano seguinte, foram feitas na Continental as últimas gravações da dupla Raul Torres e Serrinha, como A Copa do Mundo, Meus padecimentos, Moda do viaduto e Quero vê... quero oiá (todas de sua autoria).
Depois de separados, tio e sobrinho ainda vieram a gravar as composições de sua autoria Cheguei na casa da véia, Eu fui passiá em São Paulo e Quando eu cantei no rádio. Formou então nova dupla, com João Batista Pinto, o Florêncio (Barretos SP 1910-), com quem já havia gravado dez anos antes, lançando em disco, em 1944, Pingo d'água e depois A moda da mula preta, clássicos da música sertaneja (ambas com João Pacífico).
A partir de 1945 fez poucas gravações, como Feijão queimado (com José Rielli), arrasta-pé de grande sucesso, principalmente nas festas caipiras, e posteriormente Enquanto a estrela brilhar (com João Pacífico).
Deixou em 78 rotações cerca de 204 discos com 398 gravações. Passou a dedicar-se mais ao rádio e fez na Rádio Record, de São Paulo, o programa Os Três Batutas do Sertão, formando o trio de mesmo nome inicialmente com Florêncio e José Rielli, e a partir de 1947, com Florêncio e Rielli Filho (Emílio Rielli).
Sua consagrada composição Mestre carreiro foi interpretada no filme Sertão em festa (Osvaldo de Oliveira, 1970), por Tião Carreiro e Pardinho. Em 1970, gravou com Os Três Batutas do Sertão, pela gravadora Vitória, o LP O maior patrimônio da música sertaneja, vindo a falecer alguns dias depois.
Agradecemos a MPB Cifraantiga, mas tivemos que fazer uma pequena correção nas informações. Na verdade, em 1937, Raul Torres gravou com João Pacífico, a música "Chico Mulato" e não "Chico Mineiro" .
Raul Torres e Seus Parceiros – Algumas raridades, como a primeira gravação de “Chico Mulato” feita por Raul Torres e João Pacífico, em 1933.
- A Morte de Um Cantador (Raul Torres) Raul Torres e Nestor Amaral (1935)
- A Revolta de Nove de Julho (Rarul Torres e Mariano) Raul Torres e Mariano (1932)
- Amor no Sertão (C. A. Paim e Décio Abramo) Raul Torres, Ida e Irene Baldi e San'tanna (1931)
- Bananeira (Raul Torres) Raul Torres e Seu Conjunto de Baitacas (1932)
- Boi Amarelinho (Raul Torres) Raul Torres e Ascendino Lisboa (1933)
- Bota a Mão na Roda (Raul Torres) Raul Torres e Regional Colúmbia (1934)
- Caipira no Mercado (R. Torres, Attílio Grany e Pescuma) Raul Torres e Pescuma, com o Grupo Chorões Sertanejos (1930)
- Caninha Verde (Raul Torres e G. Machado) Raul Torres e Lázaro e Machado (1931)
- Chico Mulato (Raul Torres e João Pacífico) Raul Torres e João Pacífico (1937)
- Desafio Nº 1 (Raul Torres) Raul Torres e Nhá Zefa (1937)
- Festa da Bicharada (Raul Torres) Raul Torres e João Pacífico (1937)
- Ladera do Pilá (Attílio Grany) Raul Torres e o Grupo dos Chorões Sertanejos (1930)
- Mestre Carreiro (Raul Torres) Raul Torres e Seu Bando de Baitacas (1931)
- Mourão da Porteira (Raul Torres e João Pacífico) Raul Torres e João Pacífico (1942)
- Na Fazenda do Janjão (Raul Torres e João Pacífico) Raul Torres e João Pacífico (1934)
- Na Minha Fazenda (Desconhecido) Raul Torres e Ramoncito Gomes
- Não Zanga Comigo Não (Nair Mesquita) Raul Torres e Nair Mesquita (1930)
- O Nome da Marica (Raul Torres) Raul Torres e Seu Conjunto (1936)
- O Tiê e o Tiá (Raul Torres) Raul Torres e Seu Bando de Baitacas (1932)
- Paraguai no Baião (Maurício Cardozo Ocampo, Versão de Raul Torres) Raul Torres, Florêncio e Rosita Del Campo (1956)
- Prá Morde Namoração (Ascendino Lisboa) Raul Torres e Ascendino Lisboa (1932)
- Quando Deus Formou o Mundo (Joaquim Vermelho) Raul Torres e Joaquim Vermelho (1934)
- Reculutamento (Cornélio Pires) Raul Torres e Sua Gente do Norte (1930) Voz de Cornélio Pires
- Rolinha Correio (Raul Torres e Sebastião Teixeira) Raul Torres, Florêncio e Inhana (1950)
- Sabiá Triste (Raul Torres) Raul Torres e Seu Conjunto, Partic. de Jaime Vogeler (1934)
- Segura o Coco, Maria (Raul Torres) Raul Torres e Grupo Chorões Sertanejos (1932)
- Seu João Nogueira (Raul Torres e João Pacífico) Raul Torres e Aurora Miranda (1935)
- Sururu no Galinheiro (Raul Torres) Raul Torres e Seu Conjunto, Partic. de Jaime Vogeler e Nestor Amaral ( 1934)
- Tá Vendo Muié (Raul Torres) Raul Torres e Seu Bando de Baitacas (1931)
- Verde Amarelo (Raul Torres) Raul Torres e Grupo Chorões Sertanejos (1932)
CRÉDITO: Tião Camargo
Parabéns Tião! Seu trabalho é maravilhoso, sempre divulgando a biografia dos artistas e sem esquecer dos compositores. Isso é muito importante. Tem muita gente na Net falando sobre Música Sertaneja, dizendo-se apaixonados pela Música Caipira, mas quase ninguém se refere ao compositores, como se eles não significasse nada para nossa música.
ResponderExcluirOlha, essa gravação original de "Chico Mulato", de 1937, com os próprios autores, Raul Torres João Pacífico, aparece em compilações lançadas em CD pela antiga BMG (hoje Sony Music) como sendo interpretada por Raul junto com Florêncio. Um erro lamentável que tem se repetido ao longo dos anos, pois na discografia de Raul Torres em 78 rpm não consta nenhuma regravação que ele teria feito de "Chico Mulato" com Florêncio nesse formato. Existe regravação de Torres e Florêncio, sim, mas em LP, feita na Chantecler em 1959, para o álbum "Cavalo zaino".
ResponderExcluirTião, bom dia.
ResponderExcluirVocê poderia repostar essa coletânea de músicas? Não está liberado no 4shared.
Abração