Para encerrar nosso trabalho neste ano 2010 aqui no blog Saudade Sertaneja, prestamos nossa homenagem a este monstruosso artista sertanejo, a quem todos devemos muito. Toda e qualquer homenagem a ele prestada, jamais superará tudo que ele representa para nosso verdadeira Música Sertaneja. Além de um grande violeiro, cantador e compositor, foi produtor de diversos discos sertanejos e Diretor Artístico de diversas gravadoras, com a Continental, por exemplo. Literalmente, sempre foi “Franco”, muito Franco. Conheço o Dino há muito tempo e ontem mesmo falei com ele por tefone, mas não lhe disse que iria prestar-lhe esta pequena homenagem. Se dissesse, com certeza ouviria dele, com toda sua franqueza: “Não me iludo com elogios, tampouco com homenagens”. No final desta matéria, postamos as duas primeiras gravações feitas pelo Dino Franco quando fazia parte da Tibagi e Pirassununga, em 1959. Ele era o Pirassununga.
Um dos motivos que me levou a postar esta matéria sobre o Dino Franco, além mostar um pouco de sua história e seu talento, é mostrar para todos que este é o verdadeiro “Pirassununga”, que foi também um dos Junqueiras da dupla com Juquinha, pois existe um farsante por aí, chamado Osvaldo Dias, tentando se passar por Pirassunga e Junqueira, ou seja, querendo ser o Dino Franco. O outro Junqueira, segundo o Dino Franco, foi um gaúcho.
Tião Camargo
Todo o material abaixo, sobre o Dino Franco, foi, gentilmente, cedido pela nossa querida Sandra Cristina Peripato, do site www.recantocaipira.com.br, que vem fazendo grande trabalho sobre Música Sertaneja, principalmente no se refere a biografias.
Osvaldo Franco (Dino Franco) nasceu em 08 de setembro de 1936, na cidade paulista de Paranapanema.
Desde muito cedo se inclinou para a vida artística. Em 1954 já trabnalhava na Rádio Marconi de Paraguaçu Paulista. Dois anos após, em 1956, estava na Capital e cantou com Tibagi (da dupla com Miltinho). Nessa época Dino Franco tinha o nome artístico de Pirassununga.
A parceria com Tibagi foi desfeita. Dino arruma um novo parceiro e deixa de ser o Pirassununga para se tornar o Junqueira da nova dupla Juquinha e Junqueira. A união desses cantadores durou apenas dois anos.
Em 1963 retorna com o antigo nome (Pirassununga) e faz dupla com Piratininga.
Gravam para a CBS e posteriormente para a Continental. Essa dupla também foi desfeita, só que dessa vez, com a morte de seu novo companheiro. Como sempre, Dino Franco consegue outro parceiro: Belmonte. Pirassununga e Belmonte gravaram na Chantecler, acompanhados pelo sanfoneiro Zé Maringá. A parceria com Belmonte também se desfez.
O poeta violeiro não desanimou. Dino Franco começou a viajar com duplas famosas da época, fazendo parte da companhia teatral, tais como: Zico e Zéca, Liu e Léu, e Abel e Caim.
O Brasil havia perdido uma de suas maiores estrelas, o Palmeira, da dupla Palmeira e Biá.
Biá (Sebastião Alves da Cunha) nascido em Coromandel/MG em 26 de novembro de 1927, se ajusta com Dino Franco e os dois formam uma nova parceria. Esta união faz sair de cena novamente o Pirassununga e em seu lugar aparece então o nome Dino Franco na vida artística. Gravaram juntos 6 LP’s, mas, repetindo o mesmo caminho das anteriores, essa união, do mesmo modo, também se desfaz. Dino Franco se volta para a carreira solo. Como tal chegou a gravar um LP – “ Dino Franco e seus Mariachi”, e tempos depois faz parte de um trio em que atuavam Miltinho Rodrigues e Orlando Ribeiro. O trio era chamado “Os Medalhões” e chegou a gravar um LP.
Corre o tempo e Dino Franco torna-se produtor do “cast” da gravadora Chantecler, produzindo duplas famosas como Lourenço e Lourival, Abel e Caim, Liu e Léu, entre outras.
Após tantas e tantas experiências, aí sim, teve a felicidade de encontrar Mouraí (Luiz Carlos Ribeiro) nascido em Ibirarema/SP, em 19 de julho de 1946, com quem gravou um total de 16 discos. A dupla só veio apartar com a morte de Mouraí ocorrida em 17 de outubro de 2005.
Texto: Sandra Cristina Peripato
Acompanhe uma entrevista cedida por Dino Franco ao Jornal Atual de Rancharia/SP
Sem jabá não tem sucesso: "O jabá é preponderantemente exigido", afirma Dino.
Terceiro dos doze filhos de José Lázaro Franco e Maria das Dores Ramos Franco, Dino Franco nasceu Osvaldo Franco na cidade paulista de Paranapanema, no dia 8 de setembro de 1936, mas foi registrado na vizinha Conceição do Monte Alegre. Antes de se tornar um compositor famoso, trabalhou na roça colhendo algodão; viveu em Rancharia e Paraguaçu Paulista, onde fez o Tiro de Guerra e começou sua carreira musical na Rádio Marconi, passando também pelos microfones da extinta Rádio Difusora de Rancharia. Começou a compor no ano de 1951 e afirma ter composto milhares de obras; Dança da Chuva e Tafuleira, em parceira com Piratininga, foi sua primeira gravação, em 78 rotações; O Sertanejo é um Forte é um de seus maiores sucessos.
Aposentado, veio para Rancharia há quase cinco anos, depois de passar por Mogi Guaçu e Ivinhema, devido aos parentes, às raízes e "porque sempre busquei um lugar tranqüilo prá viver", mas não parou de criar as composições que lhe deram prestigio e sucesso por todo o país. Sua obra lhe garantiu vaga na Academia Municipalista Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira número 14 que pertenceu ao compositor João Pacífico.
Antes de ser Dino Franco e compor dupla com Mouraí, atuou em outras duplas onde usava pseudônimos como Pirassununga e Junqueira, e tem parcerias com as mais famosas expressões sertanejas do país, tendo se apresentado em várias regiões do território nacional. Seu primeiro trabalho com Mouraí foi Três Namoradas.
Homem de hábitos simples, Dino vive exclusivamente da música e já perdeu a conta de quantos discos gravou. Diz que já ganhou muito dinheiro "com direito artístico e de vendagem", e muitas homenagens - vários diplomas estão pendurados pelas paredes da sala - mas como ele mesmo diz, "tenho diplomas, troféus, mas a gente não come homenagens, mas sim do trabalho realizado".
Ganhador de dois festivais de música sertaneja, o primeiro do Brasil em 1967 com a música Natureza, com Abel e Caim, e Casa Pobre, com Mato Grosso, Dino Franco não tem critérios para compor; "É momentâneo. A gente costuma receber uma emanação maior; como dizia João Pacífico, é 'a hora que dá os cinco minutos'", diz ele.
Dino Franco elogia os programas sertanejos da Rádio Esperança, em especial o locutor Cidão, - "um grande radialista e profissional consciente" - e seu programa Crepúsculo Sertanejo, pela variedade musical que apresenta, conseguindo satisfazer diferentes gerações e apaixonados pela música sertaneja. A falta criatividade é um problema na música popular, pois...
...para Dino Franco, as "duplas bregas" fazem músicas "todas iguais"
Atual: Como foi o início de sua carreira?
Dino Franco: Em São Paulo, no ano de 1956, formei a dupla Tibagi e Pirassununga e nos apresentávamos na Rádio Nacional que era a coqueluche daépoca e hoje é a Globo. Odilon Araújo, locutor oficial da rádio, foi quem nos apresentou e me deu esse pseudônimo. Gravamos um disco 78 rotações pela RGE com o xote Peão de Minas e a rancheira Falsos Carinhos. A dupla se desfez em 1959.
Atual: Qual foi o próximo passo?
Dino: Formei a dupla Juquinha e Junqueira que durou cerca de três anos. Fomos os primeiros a gravar pela RCA Canden, ainda em 78 rotações, músicas como Três Mulheres, Maldita Aliança e Mineiro Não Perde o Trem, que foi um grande sucesso. Depois tivemos uma fase de shows em
ambientes noturnos com Belmonte, Amaraí e Zé Maringá.
Atual: Por que shows no lugar do rádio?
Dino: Cascatinha e Inhana estavam entrando na vida noturna em São Paulo e tinham os sucessos Índia, Primeiro Amor; tocávamos músicas paraguaias, gaúchas e algumas sertanejas. Era evidente naquela época a força da música paraguaia, mexicana e estavam em ascensão o Trio Cristal, Los Panchos, Miguel Aceves Mejia. Uma minoria do povo da cidade não aceitava a música sertaneja.
Atual: Quando começou a dupla Dino Franco e Mouraí?
Dino: Nos idos de 79, quando Caetano Garrido nos apresentou, e continuamos juntos até hoje.
Atual: E quantos discos gravados?
Dino: Temos 17 lançamentos; com as compilações, temos mais de 20 discos. Com as gravações que fiz sozinho cantando músicas gaúchas e mexicanas, e com todos os outros com que gravei...A dupla Biá e Dino Franco gravou 6 lançamentos e mais compilações, tenho discos gravados com Juquinha e Junqueira, Pirassununga e Piratininga, com Belmonte...Fica difícil... tenho que fazer um estudo porque gravei com todos.
Atual: E você fez quantas composições?
Dino: Ah rapaz... tenho muitas composições...Quando eu me aposentei em 1991 apresentei ao INSS mais de 1.000 selos com títulos, número de discos e nomes de intérpretes de obras de minha autoria para comprovar meu currículo, e de lá para cá eu nunca parei de compor.
Atual: Quais fizeram mais sucesso?
Dino: São várias, entre elas Caboclo na Cidade, Cheiro de Relva, Paineira Velha, Meu Passado, Natureza. Tem Travessia do Araguaia que foi tema da novela O Rei do Gado. E uma que a rádio Esperança nunca tocou que é Pescador do Ivaí, e foi tema de um documentário brasileiro apresentado na BBC de Londres (Inglaterra).
Atual: Quais intérpretes gravaram suas composições?
Dino: Tonico e Tinoco, Zico e Zeca, Liu e Léu, Cascatinha e Inhana, Tião Carreiro e Pardinho, Abel e Caim, Xitãozinho e Xororó, Tião Carreiro e Pardinho, Daniel, Sérgio Reis e Almir Sater...
Atual: Quantos discos você já vendeu?
Dino: É difícil precisar porque o disco nunca obedeceu uma ordem numérica. Teve até um deputado que quis aprovar essa lei e não deixaram, porque se aprovada as gravadoras teriam que nos prestar contas devidamente corretas. Hoje se elas vendem 5.000 e nos oferecem 500 não podemos provar o contrário. Vendi muitos discos...Só com o Sérgio Reis e Almir Sater foram mais de um milhão de discos. Caboclo na Cidade, com Chitãozinho e Xororó, mais de um milhão. Se eu recebi por mais de um milhão de discos, evidentemente vendeu muito mais.
Atual: E com as duplas que atuou?
Dino: Quando formei dupla com Amaraí, firmamos contrato com a Globo Gravações por três anos, um disco por ano. Pela Chantecler, no mesmo período, dois discos por ano e a primeira gravação, Manto Estrelado, vendeu mais de 200 mil cópias só no lançamento, e assim vai.. É difícil precisar, mas vendi entre 4 e 5 milhões de discos entre a dupla Dino Franco e Mouraí e outros intérpretes.
Atual: Como você ingressou na Academia Municipalista Brasileira de Letras?
Dino: Por causa do meu currículo. Tem advogado, juiz, promotor, jornalista, compositor, cada um desempenhando uma determinada tarefa. Eu represento o Raul Torres (da dupla Raul Torres e Florêncio) que foi o introdutor da música sertaneja na radiofonia brasileira. Ocupo a cadeira número 14, que era ocupada por João Pacífico e representava o Catulo da Paixão Cearense.
Atual: Como você vê a música sertaneja raiz na atualidade?
Dino: De bom grado, porque está nascendo da raiz e a finalidade é voltar às origens, porque o sertanejo sempre foi atacado de várias maneiras, várias influências musicais atacaram o sertanejo, como a canção rancheira, o bolero, o tango, o rock, mas por ser raiz, vem se perdurando.
Atual: Você acha que essa música perdeu espaço?
Dino: É muito relativo esse negócio de perder espaço. Porque no que concerne a perder espaço você tem que considerar a mídia, e para pagar a mídia você tem que ter muito dinheiro. Se você paga o povo que tem o veículo de mídia na mão, nesse caso a televisão, o rádio, grandes jornais e revistas - a imprensa de um modo geral -, você difunde qualquer matéria; se você não tem dinheiro para pagar a sua matéria fica esquecida e sua difusão deixa de ser feita.
Atual: Então, sem o jabá não tem sucesso?
Dino: O jabá é preponderantemente exigido hoje, entendeu?
Atual: A modernização mudou muito a música sertaneja?
Dino: Bastante. No que diz respeito ao arranjo, à confecção do disco, melhorou muito porque a tecnologia avançou e são muitos os recursos técnicos. Antigamente se gravava mono-oral direto, depois veio o estereofônico com 2 canais, depois 4, 16, 24, 36 e tem muito mais canal; tem até gravação digital. Agora, o valor artístico em si, no que diz respeito às obras líteromusical, eu não vejo nenhuma melhoria.
Atual: Por que?
Dino: Antigamente, no tempo do 78 rotações, você enumera os sucessos do repertório de...Raul Torres: Mula Preta, Chico Mulato, Cabocla Tereza, Mourão da Porteira, Do Lado que o Vento Vai, Cavalo Zaino, e assim por diante. Tonico e Tinoco, quantos sucessos? Camisa Preta, Mão Criminosa, Chico Mineiro... E quantos sucessos fizeram Cascatinha e Inhana? Hoje, as duplas que estão em ascensão, você enumera quantos sucessos? Um ou dois, mesmo com a força da mídia. Então eu não vejo integração total da música sertaneja nem no disco nem na radiofonia. Não vejo vantagem nisso. Vejo naqueles artistas que não pagaram a mídia, nunca tiveram a mídia a seu serviço para poder ter ascensão e tiveram sucesso ininterrupto um atrás do outro, como Tonico e Tinoco, Raul Torres, Zé Carreira e Carreirinha, que são os nossos ancestrais.
Atual: Há uma fertilidade de duplas; os temas condizem com a música sertaneja?
Dino: O que se nota nas duplas do momento, que eu chamo de duplas bregas, o tema é só amor, amor, amor... Você ouve uma canção de um CD e não precisa ouvir mais porque são todas iguais. Antigamente você não repetia tema. No tempo do vinil você ouvia 12 músicas e cada uma tinha um tema diferente; era valsa, toada, rancheira, cateretê...Hoje é um balanço só, um ritmo só.
Atual: O que você ouve?
Dino: Ouço e gosto de todas, mas que tenham conteúdo, mensagem, que conte uma história. Porque a música sertaneja que não conta uma história deixa de ser música sertaneja.
Atual: Qual sua previsão para a música sertaneja?
Dino: Hoje as músicas são muito mais para dançar e a música sertaneja foi feita para se ouvir. Se bem que algumas duplas estão gravando corrido, arrasta pé, xote, forró, vanerão, para alcançar um publico dançante em outras regiões e porque tem aumentado muito os salões de danças.
Atual: Qual o seu último trabalho?
Dino: Eu participei de um disco este ano com o Daniel, que é um resgate da música sertaneja e se chama Meu Reino Encantado. É um disco tipicamente sertanejo e a estimativa é ultrapassar um milhão de cópias vendidas. No lançamento vendeu mais de 150 mil. Tenho as músicas Cheiro de Relva, com as Irmãs Galvão e Minha Mensagem, a única legítima moda de viola inserida no disco, onde cantamos com Daniel.
Texto: Marcos A. Barbosa
Tibagi e Pirassununga
Biografia de Tibagi em Zé Mariano e Tibagi, aqui no blog Saudade Sertaneja.
- Falsos Carinhos (Pirassununga e Benedito Seviero) (1959)
- Peão de Minas (Zé Claudino e Anacleto Rosas Jr.) (1959)
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Caro Tião, o Orlando que esta no disco os medalhões, é o Orlando Ribeiro e não Orlando Silveira conforme esta no texto, se quizer baixe o disco, onde scaneamos esta capa que contem tais, informações sobre a formação deste Trio, um grande abraço, deste amigo.
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Obrigado ao pessoal de RAIZES CAIPIRA pela observação. Relamente, o trio "Os Medalões" era formado por Dino Franco, Miltinho Rodrigues e Orlando Ribeiro, não Orlando Silveira como estava no texto. Trata-se do grande Orlando Ribeiro, um dos maiores acordeonistas do Brasil, que até hoje acompanha grandes dupla como Liu e Léu, por exemplo. Estive com ele, em 2010, quando Liu e Léu se apresentaram aqui em Bauru.
ResponderExcluirFiquei muito contente pela lembrança de meu pai (CAETANO GARRIDO)na carreira deste monstro da musica sertaneja, musica de raizes e muitas veses ouvia meu pai cantar pra mim, cresci vendo a admiração de meu pai por este grande homem que é Dino Franco, pena ele não estar entre nós pra continuar cantando suas modas de viola..
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