Foto: http://www.crato.org/chapadadoararipe/2012/02/11/
Por: Sérgio Linhares
Foi com muita emoção que me deparei há alguns meses atrás na Serra de Ubajara com um carro de boi. Eu que tanto sabia sobre ele nunca tinha visto um. Até o carreteiro que o conduzia ficou admirado e emocionado com a minha atenção.
O carro de boi foi nosso principal meio de transporte no período colonial, no Império e até na era da República. Nenhuma região, sítio, fazenda, vila ou cidade do Brasil deve ignorar a existência deste rústico e primitivo meio de transporte, que ajudou a fazer a História do Brasil. Aqui na nossa cidade, o Crato, ele foi fator de desenvolvimento, transportando nossas riquezas. Tenho dentro de mim um toque regional que não abandono nunca e nessas poucas linhas vou tentar viajar ao passado.
O carro de boi era composto por duas rodas feitas de madeira , com um anel de ferro de forma circular, o carro andava na madeira. Era puxado por uma, duas ou mais juntas de bois. O condutor do carro que comandava os bois era chamado de carreiro, que utilizava uma vara fina contendo uma ponta de ferro para ferroar os animais. Usava chapéu de couro, peitoral e um facão. Tinha tanta intimidade com os bois que conversava com eles. Os animais se acostumavam de tal forma com o carreteiro , que muitas vezes um simples chamado dele se dirigiam vagarosamente e ficavam emparelhados. O boi do carro era forte, musculoso e extremamente dócil. Nome de boi é nome de sentimento : faceiro, melindroso, coração, namorado.
Agora o mais impressionante no carro de boi era o som que ele emitia , um som continuo, lamentoso, um gemido sem fim. Diziam que a vida do carro estava na cantiga. Carro de boi que não cantava, não era carro. Até o sabiá ficou enciumado, por ele cantar melhor. Mas o carro de boi não cantava por boniteza, cantava por precisão, porque o canto do carro é a sua alma, é a alma do carreiro, é o jeito que Deus deu para enfeitar a existência dos bois e dos carreiros pelos caminhos do sertão e da vida.
Uma das lendas mais bonitas do Crato, a Lenda da Lagoa Encantada, conta a história de um carro de boi e de um carreteiro que desapareceram numa noite de luar num dos sumidouros de seus brejos. Falam que ainda hoje moradores de lá, ouvem nas madrugadas o gemido do carro e a toada triste do carreteiro. Nos nossos dias, ninguém mais se lembra deles, o carro acabou-se na chuva e no sol e o boi depois de trabalhar a vida toda , morreu num matadouro.
Hoje, ele é apenas uma lembrança do passado de uma geração, que vão acumulando em nossa memória. Aquele carro que vi na Serra Grande, era um pouco diferente dos de outrora, era mudo, não cantava, até as rodas eram de borracha. Me dói em saber que nunca vou ter o prazer de ouvir aquele gemido, aquele choro tão bonito. Pois quem ouviu, ouviu. Quem não ouviu, não ouve mais.
- Adeus Mariazinha (Fausto Vasconcellos) Alvarenga e Ranchinho (1944)
- Amor da Minha Vida (Antonio e Antoninho) Antonio, Antoninho e Darci
- Bandeirante Fernão (Carreirinho, Campos Negreiros e Ado Benatti) Zé Carreiro e Carreirinho (1953)
- Bombardão (Alvarenga e Ranchinho) Alvarenga, Ranchinho e Antenógenes Silva (1951)
- Burro Corisco (Bié e Juquinha) Bié e Juquinha (1956)
- Cobra Grande (Dito Mineiro) Zé Carreiro e Pardinho (1958)
- Cravo e a Rosa (Zé Pagão e Zé Mané) Zé Pagão e Nhô Rosa (1942)
- Dança do Balanceio (Francisco Lacerda e Ricardo Jardim) Zé Pagão e Nhô Rosa (1952)
- Dois Galos (Pedro Esperança Filho e Arlindo Rosa) Zé Carreiro e Pardinho (1959)
- Peão Feliz (Nogueira dos Santos) Barreto e Barroso (1952)
- Retrato do Sertão (Antonio, Antoninho e Tambará) Trio Raízes do Sertão
- Rincão Mineiro (Barreto e Barroso) Barreto e Barroso (1952)
- Roceiro do Brasil (Zé Pagão e Ado Benatti) Zé Pagão e Fostino (1960)
- Serenata Bossa Nova (Ado Benatti e Zé Pagão) Zé do Mato, Saracura e Nhá Serena (1960)
- Solidão (Ferreirinha e Zé Melado) Zé Ferreira e Ferreirinha (1963)
- Vitorioso (Quintino Eliseu e Moacir dos Santos) Zé Ferreira e Ferreirinha (1963)
- Viva São Paulo (Ado Benatti, Campos Negreiros e Zé Carreiro) Zé Carreiro e Carreirinho (1953)
- Vou Prá Roça (Zé Pagão e Jeca Mineiro) Zé Pagão e Fostino (1960)
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QUE SAUDADE DA MINHA INFANCIA....MEU PAIZINHO DORMIA COM RADIO LIGADO, NO ZE BETIO ,BRUCUTÚ ETC...
ResponderExcluirnão consigo baixar o volume 33.
ResponderExcluirTAMBÉM NAO CONSIGO BAIXAR VOLUME 33 PODERIAM NOS AJUDAR? AGUARDO
ResponderExcluirNão consigo baixar o volume 33
ResponderExcluirEstou me juntando entre os insatisfeitos que não puderam baixar o volume 33, Me ajudem, por favor! SOCOOOOOORROOOOOOOO!!!!
ResponderExcluirGente, estou baixando normalmente. Temos dois links para downloado do álbum. O médiafire, nem sempre funciona, tá mesmo uma frescura, mas o link do uploading nunca deu problema.
ResponderExcluirInezita Barroso comete m equívoco ao apresentar a música "O cravo e a rosa": quem canta são mesmo seus autores, Zé Mané e Zé Pagão, em gravação lançada pela Columbia em setembro de 1942, disco 55369-B, matriz 10075. relançado um ano depois pela Continental com o número 15042-B. Não há nenhuma regravação desta música até hoje, vejam só!
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