David Arioch – Jornalismo Cultural
Charretes se destacavam na década de 1950
Paranavaí contava com mais de 80 charreteiros (Acervo: Casa da Cultura)
Meio de transporte era muito usado pela população de Paranavaí
Nos anos 1950, o meio de transporte mais usado pela população de Paranavaí era a charrete. O serviço que tinha um custo baixo ficava disponível o dia todo em três pontos da cidade. Pioneiro lembra que os charreteiros tomavam conta de todas as ruas numa época em que os automóveis eram acessíveis a poucos.
As charretes surgiram em Paranavaí na década de 1940, mas se popularizaram em 1950, quando houve um bom crescimento populacional registrado a partir de 1948. Com um maior número de moradores, surgiu a necessidade de um serviço de meio de transporte que facilitasse a vida em comunidade. “Foi aí que alguns migrantes tiveram a ideia de trabalhar como charreteiros. Quase ninguém tinha carro, e como tudo ainda era longe, já que nem todo mundo tinha condições de morar na região central, o jeito era pagar pelo serviço de charrete”, relatou o pioneiro cearense João Mariano, acrescentando que o preço de uma “corrida” era acessível à maioria.
Por volta de 1955, já havia em Paranavaí mais de 80 charreteiros que se dividiam em três localidades: Ponto Azul, Avenida Paraná e Zona do Baixo Meretrício, quase em frente à Boate da Cigana [onde se situam os prédios Catuay e Guarapari]. Muitos dos pioneiros que atuavam no ramo eram ex-peões que trabalharam na abertura de estradas e derrubada de mata.
Havia também aqueles que não deram certo como comerciantes e produtores rurais, e decidiram usar cavalos e bois para outra finalidade. “O serviço de peão era pesado e sofrido, então acontecia do sujeito guardar um dinheirinho, comprar um cavalinho, uma carroça velha, mandar reformar e transformar em charrete”, explicou Mariano. Outros compravam madeiras, procuravam materiais que podiam ser aproveitados e a construíam por conta própria.
Os charreteiros eram contratados principalmente para levar passageiros para pegar ônibus no Ponto Azul e avião no Aeroporto Edu Chaves [atual Colégio Estadual de Paranavaí (CEP)], além de transportar pessoas até a Zona do Baixo Meretrício. “Uma charrete chegava a fazer até dezenas de viagens num dia. Tinha época que tinha muito serviço, mas de vez em quando diminuía um pouco por causa de alguma crise agrícola”, relatou o pioneiro, acrescentando que o modelo da carroça variava conforme a situação financeira do carroceiro.
Enquanto algumas ofereciam o mínimo de conforto, como um assento estofado, muitas eram mais simples, com bancos de madeira. “Numa corrida curta quase ninguém se importava com isso, mas se o trajeto fosse um pouco mais longo podia ficar desconfortável. Tinha peão que chegava a descer da carroça com o corpo duro”, brincou João Mariano que nunca se esqueceu das muitas oportunidades em que viu as ruas da cidade tomadas por dezenas de charretes.
Segundo o pioneiro, naquele tempo, estranho era o som de um motor em meio a tantos animais trotando, galopando e relinchando. “Quando fazia muito calor, e no fim da tarde os charreteiros voltavam pro ponto, às vezes, traziam um vento que levantava a poeira das ruas de chão batido. O céu avermelhava enquanto o solo arenoso as donas-de-casa castigava, sujando toda a roupa do varal, mas fazer o que se era mais um dia de trabalho normal?”, poetizou o pioneiro cearense.
Fonte: http://davidarioch.wordpress.com/tag/predio-guarapari/
Saudade Sertaneja, Volume 31
- A Morte do Palhaço (Jacy Ferreira da Fonseca e Osvaldo Audi) - Borges e Borginho (1957)
- Buquet de Flores (Teddy Vieira e Zé Carreiro) - Carreirinho e Zé Pinhão
- Caboclo Forgazão (Alvarenga e Ranchinho) - Alvarenga, Ranchinho e Antenógenes Silva (1938)
- Calor da Morena (Lourival dos Santos) - Cacheirinho e Corumbá (1960)
- Cante Comigo (Jeca Mineiro e Campanha) - Campanha e Cuiabano (1962)
- Cateretê Paulista ''Azul Cor de Anil'' (Arlindo Santana e Cornélio Pires) - Cornélio Pires e Arlindo Santana (1930)
- Destino de Um Boêmio (Caçula e Marinheiro) - Caçula e Marinheiro (1960)
- Meu Caminhão (Brasão, Brasãozinho e Pilatim) - Brasão e Brasãozinho (1960)
- Meu Sertão (Blinha e Nhô Pinta) - Bolinha, Cidoca e Suely (1958)
- Meus Oito Anos (Ariowaldo Pires e Nhô Pai) - Nho Pai e Nho Fio (1943)
- Moda dos Inventores (Brinquinho e Beoso) - Brinquinho e Brioso (1943)
- Nostalgia (Erothides e Campos) - Cobrinha, Capitão e Ângelo Reale (1942)
- Numa Noite de Luar (Alvarenga) - Alvarenga e Bentinho (1938)
- Relembrando (Geraldina Rodrigues ''Dadá'' e Paiozinho) - Borandi e Jaguarão (1962)
- Segredo (Itami e A. Geraldes) - Brasão, Sapezinho e Cambuí (1960)
- Sul de Minas (Brasão e Marinheiro) - Brasão e Marinheiro (1956)
- Tristeza de Caboclo (Bié e Juquinha) - Bié e Juquinha (1956)
- Zé de Baixo E Zé de Cima (Antonio-José Russo) - Antonio, Antoninho e Darcy (1965)
OBS.: A música “Buquet de Flores”, além da falta do ano de gravação, com Zé Carreiro e Carreirinho constam como compositores eles mesmos; em outras gravações, aparece apenas o nome do Carreirinho. Aqui, com Carreirinho e Zé Pinhão, aparece como compositores da mesma música Teddy Vieira e Zé Carreiro. Quem sabe, algum de nossos colaboradores pudesse nos esclarecer melhor.
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