Um crime contra a própria humanidade, uma prática comum e liberada até há bem pouco tempo, mas que, infelizmente, mesmo proibida atualmente, continua acontecendo no Brasil.
A história abaixo, contada pelo Lazinho Carneiro, aconteceu na primeira metade do século passado.
Caçada de onça
Nos tempos em que o cerrado era uma coisa hostil, pois só os caçadores e aventureiros ousavam cruzar em lombos de tropa o trecho desabitado entre Lençóis, Avaré e Botucatu, onde as suçuaranas reinavam absolutas, contava meu finado pai que em 1932, foram fazer uma caçada nos campos do Rio Claro.
Prepararam matulas, bruacas e cargueiros, e em mulas e burros, bem arreados, partiram para a grande façanha, cada um com seu bacamarte na cabeça do arreio. Desta feita, não levaram cachorros na comitiva pois a caçada seria de forma especial, fariam um acampamento em um barreiro para ali abater a caça.
E para situar melhor nossos internautas, barreiro nesse caso e um barranco na beira dos rios, onde os animais espojam na lama e alguns ficam lambendo o barranco para suprir as necessidades de sais minerais existente na terra naturalmente.
Nessa região, onde o Rio Claro deságua no Rio Pardo, a vegetação de cerrado dá espaço para a mata atlântica, sendo assim um lugar muito procurado para o refugio dos animais, mesmo os animais típicos do cerrado como suçuaranas, guataparás, lobos, tamanduás e outros, procuravam ali água para beber e barreiros para se espojarem.
E ao encontrarem um desses barreiros os caçadores prepararam ali por perto um acampamento improvisado com barrotes e folhas de Jussara. O calor da noite e a lua clara permitiu uma vigília até altas horas da madrugada, quando um dos sentinelas ouviu um esturro muito próximo ao tugúrio, e abrindo as folhas de coqueiro que servia de parede, vislumbrou no centro da clareira que circundava o esbranquiçado barreiro, uma baita onça pintada que lambia o barranco mexendo o rabo lentamente.
Sem muito sacrifício, alcança a cartucheira em uma forquilha do girau que servia de enxerga aos caçadores, e colocando os canos sobrepostos por entre as folhas das palmeiras concentra-se na mira, a uma ínfima distancia de 6 braças que separavam onça e caçador, disparando uma língua de fogo. O impacto foi tamanho que o pobre animal foi projetado contra o barranco e toda a comitiva se pôs em pé com o estampido.
A rainha do cerrado se refaz do susto e do baque que sofrera e com dificuldades embrenha-se na mata ciliar para em seguida ganhar as macegas e planícies do cerrado, com sua vegetação rala de arvores tortas e baixas entremeadas de algumas arvores mais frondosas como jatubazeiro e copaíbas deixando pra traz um rastro de sangue.
Os dois caçadores que protagonizaram a cena, correram até para ver de perto o tamanho do estrago, só encontraram a alvura do saibro esborrifado de vermelho e um risco entre cortado que gotejava mata adentro. Pelo inusitado da caçada e o ímpeto próprio dos jovens, resolveram ir atrás daquele que julgavam ser uma presa fácil, pois deveria estar morta a poucas braças dali pela quantidade de sangue que demonstrava estar perdendo.
Confiando apenas no clarão da lua cheia, embrenharam na mata e, a menos de trinta metros, encontraram um espojado e marcas de sangue. Seguiram em frente, sempre guiados pela sinistra trilha que o pobre animal agonizante deixava sobre os capins, que se tornavam fulvos sob o luar, mais alguns metros e outra marca de espojamento e sangue. Um dos caçadores ponderou: acho melhor a gente voltar, pois, se alcançarmos a onça, mesmo ferida, ela liquida um de nos.
Assim o fizeram e, quando clareou o dia, saíram preparados para uma busca definitiva. E ao passar pelo segundo espojado observaram atentamente o sinal das garras deixadas no chão, e com os cuidados redobrados seguiram mais uns vinte metros e lá estava o alvo perseguido, já sem vida e com parte da barrigada exposta, pois a carga de chumbo-grosso havia concentrado na barriga rasgando o couro e deixando vísceras exposta.
Final da história…
Lázaro Carneiro
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Pegando um gancho na história contada pelo nosso amigo Lazinho, fugindo um pouco da música sertaneja, lembramos que a Onça Pintada, mesmo com a caça proibida no Brasil, está entre os aminais em extinção em nosso país, lamentavelmente. Nos Estados Unidos (Desunidos) a Onça Pintada está quase extinta, mesmo assim o desgoverno de Jorge W. Bush, se recusou a colocá-la na lista dos animais protegidos.
Onça Pintada Nome científico: Panthera onça Classe: Mammalia Ordem: Carnívora Família: Felidae Distribuição: América do norte (Arizona, Texas e Novo México) e América do Sul. Habitat: Florestas e Savanas Hábitos: Noturnos Nome comum: Onça Pintada | |
Características: Aparência esbelta, com pernas relativamente curtas e cabeça arredondada. Sua pelagem apresenta uma tonalidade amarela com manchas pretas em forma de roseta, com exceção da região ventral, que é branca. É o maior felino do continente americano e pode chegar até 135 kg . Alimenta-se de aves e mamíferos. A reprodução ocorre durante o ano inteiro, com gestação de 93 a 105 dias , nascendo 2 filhotes no máximo. Vivem em média, 20 anos. |